Educação em Saúde, Linhas de Cuidado & Atenção Primária

A linha de cuidado na atenção primária é uma discussão que acontece há vários anos. Muitas delas, quando trabalhadas em equipe multiprofissional propiciam resultados positivos, geram valor agregado em benefício do paciente e colaboram com a sustentabilidade do sistema de saúde. 

Iniciativas de educação em saúde associadas às linhas de cuidado, voltadas às doenças crônicas, podem ser consideradas como prioritárias para a promoção da saúde na atenção primária.  Uma reflexão sobre o potencial benefício para o paciente e para a gestão do atendimento foi discutida numa publicação com portadores de Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial acompanhados numa Unidade Básica de Saúde: https://www.scielosp.org/article/sausoc/2006.v15n3/180-189/

A educação em saúde incluindo o autocontrole dos níveis de pressão arterial e glicemia, num programa de estímulo à prática de educação física e orientação nutricional, se mostrou  efetiva no aumento da procura por orientação sobre o tratamento, como também no controle dos níveis pressóricos e glicêmicos. Foram observados melhora da qualidade de vida, redução do número de descompensação, menor número de internações hospitalares, como também maior aceitação e adaptação às limitações decorrentes da doença.

Nos primeiros 3 meses dos grupos educativos ocorreram encontros mensais, seguidos de consultas periódicas e dispensação de medicamentos por cerca de 24 meses aos 191 participantes. Observou-se redução relativa de 42% e absoluta de 26% no número de pacientes com hipertensão moderada ou grave. No grupo de diabéticos, a redução absoluta foi de 22%, para aqueles com glicemia superior a 200mg/dl, e aumento de 33% para aqueles com níveis inferiores a 125mg/dl. Os autores concluíram que o atendimento com essas características, dentro do sistema público de saúde, para uma população predominantemente idosa e com baixa escolaridade, pode mudar o cenário habitual e se mostrar eficiente.

Quando pensamos em desenvolver programas dessa natureza, costumamos imaginar a organização de saúde como o local necessário, no entanto, vale lembrar que projetos como esses podem, ou mesmo deveriam, ser implementados em empresas de qualquer natureza. Os gestores dessas organizações deveriam estar atentos para que as políticas de saúde corporativa, incluísse a promoção de saúde de seus funcionários com essas características, e assim conseguir resultados favoráveis, no curto prazo, para redução dos gastos em saúde, absenteísmo, faltas justificadas, afastamento por doença, exames e internações desnecessárias. Na continuidade da implantação de uma atenção primária dentro da empresa, num prazo de tempo reduzido, poderia contabilizar uma redução importante do custo de sinistralidade na cobertura dos planos de saúde. E assim, possibilitar uma  gestão integrada do atendimento assistencial e ocupacional, promovendo a qualidade de vida de seus funcionários e a sustentabilidade da empresa.

Artigo redigido por
Moacyr Nobre & Rachel Zanetta
Cognos – Inovação em Saúde